Evolução da oferta de Fonoaudiólogos no SUS: um estudo sobre a correlação com os indicadores sociais no Brasil na última década
Evolution of the provision of speech therapists in the Brazilian public healthcare system: study on correlations with social indictors in the last decade
Raul Philipe Marcos Silva, Cynthia Maria Barboza do Nascimento, Gabriella Morais Duarte Miranda, Vanessa Lima da Silva, Maria Luiza Lopes Timóteo de Lima, Mirella Bezerra Rodrigues Vilela
Resumo
Objetivo: Investigar a correlação entre a oferta de Fonoaudiólogos no Sistema Único de Saúde (SUS) e os indicadores sociais no Brasil, entre 2007 e 2016. Método: Estudo ecológico, cujas unidades de análise foram as 27 Unidades Federativas (UFs) do país. Foram calculados os indicadores da oferta de Fonoaudiólogos no SUS e a evolução relativa desta oferta no período, bem como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Índice de Gini, ambos referentes ao ano de 2010. A correlação foi investigada utilizando o teste de Spearman, com α=5%. Resultados: Em 2007, a oferta de Fonoaudiólogos no SUS foi de 3,55/105 habitantes, com o menor indicador no Amazonas e o maior no Mato Grosso do Sul. Em 2016, este indicador quase dobrou no país, com permanência do menor valor no Amazonas e o maior no Piauí. Ocorreu uma importante evolução relativa da oferta de Fonoaudiólogos no Brasil, neste período, com significativas variações entre as UFs. Houve correlação negativa entre a evolução relativa na última década e o IDH, e positiva com o Índice de Gini. Conclusão: A evolução da oferta de Fonoaudiólogos no SUS foi maior nas unidades federativas com menor desenvolvimento humano e maior concentração de renda. Não obstante, os resultados referentes a 2016 mostraram a manutenção do status quo, com a maior oferta naquelas unidades federativas com maior desenvolvimento humano.
Palavras-chave
Abstract
Purpose: Investigate the correlation between the provision of speech therapists in the Brazilian public healthcare system and social indicators between 2007 and 2016. Methods: An ecological study was conducted. The units of analysis were the 27 federative units of Brazil. Indicators of the provision of speech therapists in public healthcare and the relative evolution of this provision in the period as well as the Human Development Index and Gini Index related to the year 2010 were analyzed. Correlations were investigated using Spearman’s test (α = 5%). Results: In 2007, the provision of speech therapists in the public healthcare system was 3.55/105 residents, with the lowest indicator in the state of Amazonas and the highest in the state of Mato Grosso do Sul. In 2016, this indicator nearly doubled in the country; the lowest indicator was again in the state of Amazonas and the highest was in the state of Piauí. An important relative evolution occurred in the provision of speech therapists in Brazil in the period analyzed, with significant variation among the federative units. A negative correlation was found between the relative evolution in the last decade and the Human Development Index and a positive correlation was found with the Gini Index. Conclusion: The increase in the provision of speech therapists in the Brazilian public healthcare system was greater in federative units with lower human development and a greater concentration of income. Despite this, the results from 2016 showed the maintenance of the status quo, with a greater provision in federative units with greater human development.
Keywords
Referências
1. Molini-Avejonas DR, Aboboreira MS, Couto MIV, Samelli AG. Insertion and performance of Speech-Language Pathology and Audiology in Family Health Support Centers. CoDAS. 2014;26(2):148-54. http://dx.doi. org/10.1590/2317-1782/2014011IN. PMid:24918508.
2. Sousa MFS, Nascimento CMB, Sousa FOS, Lima MLLT, Silva VL, Rodrigues M. Evolução da oferta de fonoaudiólogos no SUS e na atenção primária à saúde, no Brasil. Rev CEFAC. 2017;19(2):213-20. http://dx.doi. org/10.1590/1982-0216201719215816.
3. Viégas LHT, Meira TC, Santos BS, Mise YF, Arce VAR, Ferrite S. Speech, Language and Hearing services in Primary Health Care in Brazil: an analysis of provision and an estimate of shortage, 2005-2015. Rev CEFAC. 2018;20(3):353-62. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620182031918.
4. Ferreira CL, Silva FR, Martins-Reis VO, Friche AAL, Santos JN. Distribuição dos fonoaudiólogos na atenção à saúde no estado de Minas Gerais entre 2005 e 2010. Rev CEFAC. 2013;15(3):672-80. http://dx.doi. org/10.1590/S1516-18462013005000011.
5. Miranda GMD, Mendes ACG, Silva ALA, Rodrigues M. Assistência fonoaudiológica no sus: a ampliação do acesso e o desafio de superação das desigualdades. Rev CEFAC. 2015;17(1):71-9. http://dx.doi.org/10.1590/1982- 0216201515213.
6. Victora CG, Barreto ML, Leal MC, Monteiro CA, Schmidt MI, Paim, JS, et al. Condições de saúde e inovações nas políticas de saúde no Brasil: o caminho a percorrer. Saúde no Brasil. 2011;6:90-102.
7. Whitehead M. The concepts and principles of equity and health. Int J Health Serv. 1992;22(3):429-45. http://dx.doi.org/10.2190/986L-LHQ6- 2VTE-YRRN. PMid:1644507.
8. PNUD: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório do Desenvolvimento Humano 2010. Nova Iorque: PNUD; 2010.
9. PNUD: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Nova Iorque: PNUD; 2013.
10. Chavehpour Y, Rashidian A, Woldemichael A, Takian A. Inequality in geographical distribution of hospitals and hospital beds in densely populated metropolitan cities of Iran. BMC Health Serv Res. 2019;19(1):614. http:// dx.doi.org/10.1186/s12913-019-4443-0. PMid:31470849.
11. Xiong J, Ye C, Zhou T, Cheng W. Health risk and resilience assessment with respect to the main air pollutants in Sichuan. Int J Environ Res Public Health. 2019;16:2796. http://dx.doi.org/10.3390/ijerph16152796.
12. Okhovat-Isfahani B, Bitaraf S, Ali Mansournia M, Doosti-Irani A. Inequality in the global incidence and prevalence of tuberculosis (TB) and TB/HIV according to the human development index. Med J Islam Repub Iran. 2019;22(33):45. http://dx.doi.org/ 10.34171/mjiri.33.45.
13. Andrade KVF, Nery JS, Pescarini JM, Ramond A, Santos CAST, Ichihara MY, et al. Geographic and socioeconomic factors associated with leprosy treatment default: an analysis from the 100 Million Brazilian Cohort. PLoS Negl Trop Dis. 2020;14(9):e0008723. http://dx.doi.org/10.1371/journal. pntd.0007714.
14. Silva MELE, Almeida ATC, Araújo IT Jr. Equity analysis of resource distribution for the Popular Pharmacy Program. Rev Saude Publica. 2019;20(53):50. http://dx.doi.org/10.11606/S1518-8787.2019053000731. PMid:31116239.
15. Gómez EJ, Jungmann S, Lima AS. Resource allocations and disparities in the Brazilian health care system: insights from organ transplantation services. BMC Health Serv Res. 2018;18(1):90. http://dx.doi.org/10.1186/ s12913-018-2851-1. PMid:29415705.
16. Beenackers MA, Goldbaum M, Barros MBA, Gianini RJ, Cesar CLG, Mackenbach JP. Use, access, and equity in health care services in São Paulo, Brazil. Cad Saude Publica. 2017;33(4):e00078015. http://dx.doi. org/10.1590/0102-311X00078015. PMid:28538789.
17. Travassos C, Martins M. Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização de serviços de saúde. Cad. Saúde Pública. 2004;20(2):190-8.
18. Barbosa SP, Elizeu TS, Penna CMM. Ótica dos profissionais de saúde sobre o acesso à atenção primária à saúde. Ciênc. saúde Coletiva. 2013;18(2):347- 57.
19. Paim J, Travassos C, Almeida C, Bahia L, Macinko J. The Brazilian health system: history, advances, and challenges. Lancet. 2011;377(9779):1778- 97. PMid:21561655.
20. Assis MMA, Jesus WLA. Acesso aos serviços de saúde: abordagens, conceitos, políticas e modelo de análise. Ciênc. saúde Coletiva. 2012;17(11):2865-75.
21. Brasil. Ministério da Saúde. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Brasília: Ministério da Saúde; 2017.
22. Sálvio GMM, Fontes MAL, Silveira WJ Jr, Silva HA. Áreas de conservação, pobreza e desigualdade social: avaliação utilizando indicadores socioeconômicos em minas gerais, Brasil. Cerne. 2016;22(2):145-50. http://dx.doi.org/10.1 590/01047760201622022151.
23. Santos JN, Maciel FJ, Martins VO, Rodrigues ALV, Gonzaga AF, Silva LF. Inserção dos fonoaudiólogos no SUS/MG e sua distribuição no território do estado de Minas Gerais. Rev CEFAC. 2011;14(2):196-205. http://dx.doi. org/10.1590/S1516-18462011005000088.
24. Santos JAP, Arce VAR, Magno LD, Ferrite S. Provision of Speech, Language and Hearing services in the public municipal healthcare network in the state capitals of Northeast Brazil. Audiol Commun Res. 2017;22:e1665.
25. Fischer TK, Peres KG, Kupek E, Peres MA. Indicadores de atenção básica em saúde bucal: associação com as condições socioeconômicas, provisão de serviços, fluoretação de águas e a estratégia de saúde da família no Sul do Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2010;13(1):126-38. http://dx.doi.org/10.1590/ S1415-790X2010000100012. PMid:20683561.
26. Almeida G, Sarti FM, Ferreira FF, Diaz MD, Campino AC. Analysis of the evolution and determinants of income-related inequalities in the brazilian health system, 1998-2008. Rev Panam Salud Publica. 2013;33(2):90-7, 4, 90. http://dx.doi.org/10.1590/S1020-49892013000200003. PMid:23525338.
27. Macinko J, Lima-costa MF. Horizontal equity in health care utilization in brazil, 1998 - 2008. Int J Equity Health. 2012;11(33):1-8. http://dx.doi. org/10.1186/1475-9276-11-33. PMid:22720869.
Submetido em:
15/10/2019
Aceito em:
11/02/2020