CoDAS
https://codas.org.br/article/doi/10.1590/2317-1782/20202019188
CoDAS
Comunicação Breve

Atendimento vocal à pessoa trans: uma apresentação do Protocolo de Atendimento Vocal do Ambulatório Trans e do Programa de Redesignação Vocal Trans (PRV-Trans)

Proposal of the vocal attendance protocol and vocal redesignation program in the services of the transsexualizing process

Rodrigo Dornelas, Kelly da Silva, Ariane Damasceno Pellicani

Downloads: 2
Views: 727

Resumo

Objetivo: Apresentar o Protocolo de Atendimento Vocal do Ambulatório Trans (PAV-trans) e o Programa de Redesignação Vocal (PRV-trans) para pessoas trans. Método: O protocolo é composto pelas seguintes etapas: 1) encaminhamento do usuário; 2) avaliação fonoaudiológica, aplicação de protocolos de autopercepção, encaminhamento para avaliação otorrinolaringológica e definição da conduta: terapia individualizada (fonte sonora) ou PRV-trans para filtro vocal; 3) PRV-trans, contendo 12 parâmetros vocais a serem trabalhados mensalmente de forma individual e em grupo com os usuários; 4) Após finalizado o PRV-Trans, o usuário é encaminhado para reavaliação fonoaudiológica e otorrinolaringológica, no qual será observado se o objetivo da redesignação vocal foi alcançado. Resultados: O PRV-Trans é um programa que visa o desenvolvimento de um trabalho de filtro vocal para a população trans, que seja flexível e que contemple as queixas dessa população, no qual apresenta dificuldades de acesso ao serviço de saúde. Conclusão: O PAV-trans e o PRV-trans são ferramentas que podem subsidiar o atendimento fonoaudiológico às pessoas trans no Brasil, traçando mecanismos que possibilitem maior segurança às pessoas trans em busca de uma passabilidade social por meio da voz, minimizando a transfobia, estabelecendo um conforto e a satisfação social.

Palavras-chave

Pessoas Transgênero; Voz; Treinamento da Voz; Qualidade da Voz; Procedimento de Readequação Sexual

Abstract

Purpose: To present the Trans Ambulatory Vocal Protocol (AVP-trans) and the Vocal Redesignation Program (VRP-trans). Methods: The protocol consists of the following steps: 1) user routing; 2) speech therapy evaluation, application of self-perception protocols, referral for otorhinolaryngological evaluation and definition of conduct: individualized therapy (sound source) or VRP-trans for vocal filter; 3) VRP-trans, containing 12 vocal parameters to be worked monthly individually and in a group with the users; 4) After the end of the VRP-trans, the user is referred for vocal re-evaluation and otorhinolaryngological re-evaluation, in which it will be observed if the objective of the vocal redesignation was reached. Results: VRP-trans is a program that aims at developing a vocal filter work for the transgender population, flexible and that contemplates the complaints of this population, in which it presents difficulties to access the health service. Conclusion: AVP-trans and VRP-trans are tools that can subsidize the speech therapy for transgender people in Brazil, outlining mechanisms that allow greater confidence for transgenders in search of social passiveness through voice, minimizing transphobia, establishing comfort and social acceptance.

Keywords

Transgender Persons; Voice; Voice Training; Voice Quality; Sex Reassignment Procedures

Referências

1. Bento B. O que é transexualidade. 1. ed. São Paulo: Editora Brasiliense; 2008.
2. Jesus JG. Orientações sobre a população transgênero: conceitos e termos. Brasília; 2012.
3. WHO: Word Health Organization. Coding disease and death. Geneva: WHO; 2018.
4. Conselho Nacional de Saúde. Experiências inovadoras em Saúde das Mulheres são premiadas na conferência. Rev Nac Saúde. 2017;4(2):22-5.
5. Ghirardi ACA, Ferreira LP, Giannini SPP, Latorre MRDO. Screening Index for Voice Disorder (SIVD): development and Validation. J Voice. 2013;27(2):195-200. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2012.11.004. PMid:23280383.
6. Gasparini G, Behlau M. Quality of life: validation of the Brazilian version of the Voice-Related Quality of Life (V-RQOL) measure. J Voice. 2009;23(1):76-81. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.04.005. PMid:17628396.
7. Santos HHANM, Aguiar AGO, Baeck HE, Van Borsel J. Tradução e avaliação preliminar da versão em português do Questionário de Autoavaliação vocal para transexuais de homem para mulher. CoDAS. 2015;25(1):89-96. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20152014093. PMid:25885202.
8. Teixeira LC, Rodrigues ALL, Silva AFG, Azevedo R, Gama ACC, Behlau M. Escala URICA-VOZ para identificação dos estágios de adesão ao tratamento de voz. CoDAS. 2013;25(1):8-15. http://dx.doi.org/10.1590/S2317-17822013000100003. PMid:24408164.
9. Pellicani AD. Comportamento vocal e estresse em professores antes e após o uso prolongado da voz avaliados no ambiente ocupacional [tese]. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto; 2017.
10. Moreti FTG. Validação da versão brasileira da Voice Symptom Scale – VoiSS. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2012;17(2):238. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342012000200025.
11. Behlau M, organizador. Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter; 2005. vol. 2.
12. LeBorgne WD, Weinrich BD. Phonetogram changes for trained singers over a nine-month period of vocal training. J Voice. 2002;16(1):37-43. http://dx.doi.org/10.1016/S0892-1997(02)00070-X. PMid:12002885.
13. Nanjundeswaran C, Li NY, Chan KM, Wong RK, Yiu EM, Verdolini-Abbott K. Preliminary data on prevention and treatment of voice problems in student teachers. J Voice. 2012;26(6):816.e1-12. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2012.04.008. PMid:22921297.
14. SBEM: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Posicionamento Conjunto Medicina Diagnóstica inclusiva: cuidando de pacientes transgênero. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Patologia Clínica Medicina Laboratorial e Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem; 2019 [citado em 2019 Jul 23]. Disponível em: https://www.endocrino.org.br/transgenero-posicionamento-conjunto
15. Carrara S, Hernandez JG, Uziel AP, Conceição GMSD, Panjo H, Baldanzi ACO, et al. Body construction and health itineraries: a survey among travestis and trans people in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saude Publica. 2019;35(4):e00110618. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00110618. PMid:30994742.
16. Martins CP, Luzio CA. HumanizaSUS policy: anchoring a ship in space. Interface. 2017;21(60):13-22. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0614.
17. Lopes JLC, Dorfman MEKY, Dornelas R. A voz da pessoa transgênero: desafios e atualidades na clínica vocal. In: Lopes LW, Moreti FTG, Ribeiro LL, Pereira EC, editores. Fundamentos e atualidades em voz clínica, fononcologia e voz profissional. Rio de Janeiro: Thieme Revinter; 2019. vol. 1.
18. Peduzzi M, Norman IJ, Germani ACCG, Silva JAM, Souza GC. Educação interprofissional: formação de profissionais de saúde para o trabalho em equipe com foco nos usuários. Rev Esc Enferm USP. 2013;47(4):977-83. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420130000400029. PMid:24310699.
19. Bicalho AD, Behlau M, Oliveira G. Termos descritivos da própria voz: comparação entre respostas apresentadas por fonoaudiólogos e nãofonoaudiólogos. Rev CEFAC. 2010;12(4):543-50.
20. Almeida LNA, Fahning AKCA, Trajano FMP, Anjos UU, Almeida AAF. Almeida AAF. Fonoterapia em grupo e sua eficácia para tratamento da disfonia: uma revisão sistemática. Rev CEFAC. 2015;17(6):2000-8. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151765815.
21. Deutsch M. Guidelines for the primary and gender-affirming care of transgender and gender nonbinary people. 2nd ed. San Francisco: University of California; 2016.
22. Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Brasília: Ministério da Saúde; 2010.


Submetido em:
23/07/2019

Aceito em:
08/03/2020

60c7d29da953951cd4359102 codas Articles

CoDAS

Share this page
Page Sections