Reabilitação da força da língua utilizando biofeedback: relato de caso
Tongue strength rehabilitation using biofeedback: a case report
Aline Vargas Maia, Renata Maria Moreira Moraes Furlan, Keiner Oliveira Moraes, Mariana Souza Amaral, Adriane Mesquita de Medeiros, Andréa Rodrigues Motta
Resumo
Esta pesquisa teve o objetivo de relatar um caso clínico em que foi realizada a reabilitação da força lingual com estratégia de biofeedback. Trata-se de uma paciente de 20 anos de idade, cuja avaliação miofuncional orofacial evidenciou diminuição grave de força do terço anterior da língua e alterações na mobilidade e na coordenação linguais. A quantificação da pressão lingual foi realizada por meio do Iowa Oral Performance Instrument durante a elevação, a protrusão e a lateralização, tendo se verificado redução nos valores obtidos em todas as direções medidas em comparação aos padrões de normalidade. Foram realizadas 11 sessões de terapia, com frequência semanal, utilizando estratégia de biofeedback que consistia em jogos computacionais acionados pela língua. Um instrumento encaixado na cavidade oral funcionava como um joystick, sendo método de entrada para jogos digitais específicos. Em casa, a paciente realizou exercícios isométricos de pressão de ponta de língua contra espátula, retração exagerada de língua, afilamento lingual e isotônico de tocar comissuras e lábios alternadamente, diariamente. Após oito sessões, em relação à pressão na elevação, houve melhora de 28,6% para o ápice e 7,1% para o dorso. Quanto à protrusão, houve melhora de 123,5%. Nas medidas de lateralizações esquerda e direita, os valores aumentaram 53,8% e 7,4%, respectivamente. Após 12 sessões, percebeu-se melhora, em relação à avaliação inicial, de 35,7%, 7,4%, 164%, 76,9% e 40,7%, para elevação de ápice, de dorso, protrusão, lateralizações esquerda e direita, respectivamente. Apesar do aumento, valores preconizados na literatura, como normalidade para o sexo e a idade, não foram atingidos com 12 sessões.
Palavras-chave
Abstract
This research had the objective of reporting a clinical case in which the rehabilitation of tongue strength with biofeedback strategy was performed. It is about a 20-year-old patient whose orofacial myofunctional evaluation revealed a severe decrease in the force of the anterior third of the tongue and alterations in lingual mobility and coordination. The measurement of lingual pressure was performed using the IOPI during elevation, protrusion and lateralization, and a reduction in the values obtained in all measured directions, compared to normality patterns, was verified. We performed 11 sessions of therapy, with weekly frequency, using biofeedback strategy that consisted of computer games controlled by the tongue. An instrument embedded in the oral cavity functioned as a joystick, being the input method for specific digital games. The patient performed at home the isometric exercises of pressing the tip of tongue against a spatula, exaggerated retraction of tongue, tongue tapering and isotonic exercise of touching the commissures and lips alternately daily. After eight sessions, in relation to the elevation pressure, there was an improvement of 28.6% for the apex and 7.1% for the back. As for protrusion, there was an improvement of 123.5%. In the measurements of left and right lateralization, the values increased 53.8% and 7.4%, respectively. After twelve sessions, 35.7%, 7.4%, 164%, 76.9% and 40.7% improvement was observed in relation to the initial evaluation, for apex elevation, back elevation, protrusion, lateralization left and right, respectively. Despite the increase, values recommended in the literature as normal for sex and age were not reached with 12 sessions.
Keywords
Referencias
Gilbert RJ, Napadow VJ, Gaige TA, Wedeen VJ. Anatomical basis of lingual hydrostatic deformation. J Exp Biol. 2007;210(23):4069-82. http:// dx.doi.org/10.1242/jeb.007096. PMid:18025008.
Kier WM, Smith KK. Tongues, tentacles and trunks: the biomechanics and movement of muscular hydrostats. Zool J Linn Soc. 1985;83(4):307-24. http://dx.doi.org/10.1111/j.1096-3642.1985.tb01178.x.
Clark HM, O’Brien K, Calleja A, Corrie SN. Effects of directional exercise on lingual strength. J Speech Lang Hear Res. 2009;52(4):1034-47. http:// dx.doi.org/10.1044/1092-4388(2009/08-0062). PMid:19641080.
Pittman LJ, Bailey EF. Genioglossus and intrinsic electromyographic activities in impeded and unimpeded protrusion tasks. J Neurophysiol. 2009;101(1):276-82. http://dx.doi.org/10.1152/jn.91065.2008. PMid:18987117.
Marchesan IQ, Berretin-Félix G, Genaro KF. MBGR protocol of myofunctional evaluation with scores. Int J Orof Myol. 2012;38:38-77. PMid:23362752.
SBFa: Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Comitê de Motricidade Orafacial [Internet]. Vocabulário técnico - cientifico em motricidade orofacial [citado em 2018 Ago 5]. Disponível em: http://www.sbfa.org. br/portal/pdf/dicionario_mfo.pdf
Rezende BA, Furlan RMMM, Las Casas EB, Motta AR. Avaliação clínica da língua em adultos jovens. Rev CEFAC. 2016;18(3):559-67. http://dx.doi. org/10.1590/1982-021620161832516.
Araújo TG, Rodrigues TM, Furlan RMMM, Las Casas EB, Motta AR. Avaliação da reprodutibilidade de um instrumento para medição da força axial da língua. CoDAS. 2018;30(3):1-7. http://dx.doi.org/10.1590/2317- 1782/20182017191.
Doebelin EO. Measurement systems, application and design. 5th ed. New York: McGraw Hill; 2004.
Stierwalt JAG, Youmans SR. Tongue measures in individuals with normal and impaired swallowing. Am J Speech Lang Pathol. 2007;16(2):148-56. http://dx.doi.org/10.1044/1058-0360(2007/019). PMid:17456893.
Robbins J, Kays SA, Gangnon RE, Hind JÁ, Hewitt AL, Gentry LR, et al. The effects of lingual exercise in stroke patients with dysphagia. Arch Phys Med Rehabil. 2007;88(2):150-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.apmr.2006.11.002. PMid:17270511.
Freitas GS, Mituuti CT, Furkim AM, Busanello-Stella AR, Stefani FM, Arone MMAS, et al. Electromyography biofeedback in the treatment of neurogenic orofacial disorders: systematic review of the literature. Audiol Commun Res. 2016;21:e1671. http://dx.doi.org/10.1590/2317-6431-2016- 1671.
Goffi-Gomez MVS, Vasconcelos LGE, Bernardes DFF. Intervenção fonoaudiológica na paralisia facial. In: Ferreira LP, Befi-Lopes DM, Limongi SCO, organizadores. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 2004. p. 512-26.
Gingrich LL, Stierwalt JAG, Hageman CF, LaPointe LL. Lingual propulsive pressures across consistencies generated by the anteromedian and posteromedian tongue by healthy young adults. J Speech Lang Hear Res. 2012;55(3):960-72. http://dx.doi.org/10.1044/1092-4388(2011/10- 0357). PMid:22232400.
Mory MR, Tessitore A, Pfeilsticker LN, Couto EB Jr, Paschoal JR. Mastication, deglutition and its adaptations in facial peripheral paralysis. Rev CEFAC. 2013;15(2):402-10. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462012005000076.
Alfaya TA, Tannure PN, Dip EC, Uemoto L, Barcelos R, Gouvêa CVD. Bell’s palsy and temporomandibular disorder association: clinical treatment. RFO UPF. 2012;17(2):222-7.
Sassi FC, Mangilli LD, Queiroz DP, Salomone R, Andrade CRF. Avaliação eletromiográfica e ultrassonográfica do músculo masseter em indivíduos com paralisia facial periférica unilateral. Arq Int Otorrinolaringol. 2011;15(4):478-85. http://dx.doi.org/10.1590/S1809-48722011000400012.
Robbins J, Gangnon RE, Shannon MT, Kays SA, Hewitt AL, Hind JA. The effects of lingual exercise on swallowing in older adults. J Am Geriatr Soc. 2005;53(9):1483-9. http://dx.doi.org/10.1111/j.1532-5415.2005.53467.x. PMid:16137276.
Lazarus C, Logemann JA, Huang CF, Rademaker AW. Effects of two types of tongue strengthening exercises in young normals. Folia Phoniatr Logop. 2003;55(4):199-205. http://dx.doi.org/10.1159/000071019. PMid:12802092.
Schimid M. Reinforcing motor re-training and rehabilitation through games: a machine-learning perspective. Front Neuroeng. 2009;2:1-2. http://dx.doi. org/10.3389/neuro.16.003.2009. PMid:19430596.
Submitted date:
01/08/2018
Accepted date:
10/12/2018