CoDAS
https://codas.org.br/article/doi/10.1590/2317-1782/20182018143
CoDAS
Artigo Original

Aquecimento e desaquecimento vocal em professores: estudo quase-experimental controlado

Vocal warm-up and cool-down in teachers: a quasi-experimental controlled study

Maria Lúcia Vaz Masson; Eliana Maria Gradim Fabbron; Camila Miranda Loiola-Barreiro

Downloads: 6
Views: 948

Resumo

Objetivo: Verificar os efeitos de uma estratégia de aquecimento (AV) e desaquecimento vocal (DV) em professores.

Método: Estudo exploratório quase-experimental, cego ao avaliador, com grupo controle composto por professores de uma escola pública de ensino médio. Os professores, alocados no grupo experimental (GE), realizaram AV prévio e DV posterior à aula. Os professores do grupo controle (GC) não realizaram AV prévio e ficaram em repouso vocal após a aula. Compararam-se os dados intergrupos (GE vs. GC) e intragrupos (pré vs. pós-teste), segundo avaliação perceptivo-auditiva, análise acústica e desconforto autorreferido. Calcularam-se as médias dos indicadores acústicos e de desconforto; o percentual de melhora ou piora na avaliação perceptivo-auditiva, considerando-se p<0,05 como nível de significância.

Resultados: GE e GC não diferiram entre si na análise intergrupos em nenhum dos indicadores avaliados. Na análise intragrupos, AV melhorou a qualidade vocal e reduziu o grau de desconforto no corpo; DV diminuiu tanto a frequência fundamental (f0) quanto o grau de desconforto, particularmente nos aspectos relacionados à voz. O repouso vocal não revelou diferença estatística.

Conclusão: AV demonstrou efeitos positivos na avaliação perceptivo-auditiva e no desconforto autorreferido (corpo). DV impactou f0 e desconforto autorreferido (voz). Devido ao caráter exploratório do estudo, não houve poder suficiente para demonstrar diferença na comparação entre GE e GC. Porém, os resultados obtidos indicam potencial proteção para a voz de professores, podendo ser incorporados no cotidiano de trabalho docente. Novos estudos controlados, com amostra aleatória e maior número de participantes, devem ser realizados para se comprovar tais resultados.

Palavras-chave

Voz; Treinamento da Voz; Docentes; Exposição Ocupacional; Fatores de Proteção; Saúde do Trabalhador.

Abstract

Purpose: To verify the effects of vocal warm-up (VWU) and vocal cool-down (VCD) strategies on teachers.

Methods: A quasi-experimental exploratory blind-evaluator study with control group that included teachers from a public secondary school. Teachers assigned to the experimental group (EG) performed VW prior to classes and VCD after classes. Teachers in the control group (CG) did not perform VWU and simply got voice rest after classes. Intergroup (EG vs. CG) and intragroup (pre-test versus post-test) comparisons were drawn from an auditory-perceptual evaluation, acoustic analysis, and self-reported discomfort. The mean acoustic and discomfort indicators and the percentage of improvement or worsening of vocal quality were calculated with a statistically significance level of p<0.05.

Results: EG and CG did not differ from each other in the intergroup analysis. The intragroup analysis showed that VWU improved voice quality and decreased the degree of body-related discomfort. VCD decreased both the fundamental frequency (f0) and the degree of discomfort, particularly in relation to the voice aspects. Vocal rest did not show any statistical difference.

Conclusion: VWU showed positive effects on the auditory-perceptual evaluation and self-reported discomfort (body). VCD impacted f0 and self-reported discomfort (voice). Due to the exploratory nature of the research, the statistical power was not enough to demonstrate a difference in the comparison between EG and CG. However, the results indicate a potential for protecting teachers’ voice and may be incorporated into daily work settings. Further controlled studies with random samples and greater numbers of participants should be conducted to confirm these results.

Keywords

Voice; Voice Training; Faculty; Occupational Exposure; Protective Factors; Occupational Health.

Referências

1 Brasil. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudo Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo escolar da educação básica 2016: notas estatísticas [online]. Brasília: INEP; 2017 [citado em 2018 Fev 5]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/fevereiro-2017-pdf/59931-app-censo-escolar-da-educacao-basica-2016-pdf-1/file 

2 Brasil. Ministério da Saúde. Distúrbio de voz relacionado ao trabalho. protocolo de complexidade diferenciada [Internet]. Brasília; 2011 [citado em 2018 Fev 5]. Disponível em: http://www.pucsp.br/laborvox/download/protocolo-dvrt-final-27-06-12-gt3.pdf 

3 Giannini SP, Latorre MR, Fischer FM, Ghirardi AC, Ferreira LP. Teachers’ voice disorders and loss of work ability: a case-control study. J Voice. 2015;29(2):209-17. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2014.06.004. PMid:25499521. 

4 Martins RH, Pereira ER, Hidalgo CB, Tavares EL. Voice disorders in teachers: a review. J Voice. 2014;28(6):716-24. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2014.02.008. PMid:24929935. 

5 Behlau M, Zambon F, Guerrieri AC, Roy N. Epidemiology of voice disorders in teachers and nonteachers in Brazil: prevalence and adverse effects. J Voice. 2012;26(5):665.e9-18. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2011.09.010. PMid:22516316. 

6 Ceballos AGC, Carvalho FM, Araújo TM, Reis EJFB. Avaliação perceptivo-auditiva e fatores associados à alteração vocal em professores. Rev Bras Epidemiol. 2011;14(2):285-95. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2011000200010. PMid:21655695. 

7 Souza CL, Carvalho FM, Araújo TM, Reis EJFB, Lima VMC, Porto LA. Fatores associados a patologias de pregas vocais em professores. Rev Saude Publica. 2011;45(5):914-21. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102011005000055. PMid:21829977. 

8 Cantor Cutiva LC, Vogel I, Burdorf A. Voice disorders in teachers and their associations with work-related factors: a systematic review. J Commun Disord. 2013;46(2):143-55. http://dx.doi.org/10.1016/j.jcomdis.2013.01.001. PMid:23415241. 

9 ABORL-CCF: Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. 3° Consenso Nacional sobre Voz Profissional: relatório final [Internet]. Rio de Janeiro: IOCMF; 2004 [citado em 2018 Fev 5]. Disponível em: http://www.iocmf.com.br/codigos/consenso2004%20voz%20profissional.pdf 

10 Ferreira LP, Servilha EAM, Masson MLV, Reinaldi MBFM. Políticas públicas e voz do professor: caracterização das leis brasileiras. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(1):1-7. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342009000100003

11 Servilha EAM, Ferreira LP, Masson MLV, Reinaldi MBFM. Teachers’ voice: analyses of Brazilian laws in the perspective of health promotion. Rev CEFAC. 2014;16(6):1888-99. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201410913

12 Ribeiro VV, Frigo LF, Bastilha GR, Cielo CA. Vocal warm-up and cool-down: systematic review. Rev CEFAC. 2016;18(6):1456-65. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201618617215

13 Francato A, Nogueira J Jr, Pela SM, Behlau M. Programa de aquecimento e desaquecimento vocal. In: Marchesan IQ, Zorzi JL, Gomes IDC, editores. Tópicos em fonoaudiologia. São Paulo: Lovise; 1996. p. 713-9. 

14 Scarpel R, Pinho SMR. Aquecimento e desaquecimento vocal. In: Pinho S, editor. Tópicos em voz. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2001. p. 97-104. 

15 Behlau M. Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter; 2005. Vol. 2. 

16 Masson MLV, Loiola CM, Fabron EMG, Horiguela MLM. Aquecimento e desaquecimento vocal em estudantes de pedagogia. Distúrb Comun. 2013;25(2):177-85. 

17 Pereira LPP, Masson MLV, Carvalho FM. Vocal warm-up and breathing training for teachers: randomized clinical trial. Rev Saude Publica. 2015;49(0):67. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2015049005716. PMid:26465664. 

18 Jacarandá MB. Aquecimento vocal: efeitos perceptivo-auditivos, acústicos e proprioceptivos de uma proposta de intervenção fonoaudiológica junto ao professor [dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2005. 

19 Ferreira LP, Giannini SPP, Latorre MRDO, Zenari MS. Distúrbio da voz relacionado ao trabalho: proposta de um instrumento para avaliação de professores. Distúrb Comun. 2007;19(1):127-37. 

20 Dejonckere P, Remacle M, Fresnel-Elbaz E. Reliability and relevance of differentiated perceptual evaluation of pathological voice quality. In: Clemente MP, editor. Voice update. Amsterdam: Elsevier; 1996. p. 321-4. 

21 Behlau M. Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter; 2001. Vol. 1. 

22 Rantala L, Vilkman E, Bloigu R. Voice changes during work: subjective complaints and objective measurements for female primary and secondary schoolteachers. J Voice. 2002;16(3):344-55. http://dx.doi.org/10.1016/S0892-1997(02)00106-6. PMid:12395987. 

23 Titze IR, Švec JG, Popolo PS. Vocal dose measures: quantifying accumulated vibration exposure in vocal fold tissues. J Speech Lang Hear Res. 2003;46(4):919-32. http://dx.doi.org/10.1044/1092-4388(2003/072). PMid:12959470.

24 Laukkanen AM, Kankare E. Vocal loading-related changes in male teachers’ voices investigated before and after a working day. Folia Phoniatr Logop. 2006;58(4):229-39. http://dx.doi.org/10.1159/000093180. PMid:16825776. 

25 Laukkanen AM, Ilomäki I, Leppänen K, Vilkman E. Acoustic measures and self-reports of vocal fatigue by female teachers. J Voice. 2008;22(3):283-9. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2006.10.001. PMid:17134877.

26 Spazzapan EA, Cardoso VM, Fabron EMG, Berti LC, Brasolotto AG, Marino VMC. Acoustic characteristics of healthy voices of adults: from young to middle age. CoDAS. 2018;30(5):e20170225. PMid:30365649. 

27 Mello EL, Andrada e Silva MA, Ferreira LP, Herr M. Voz do cantor lírico e coordenação motora: uma intervenção baseada em Piret e Béziers. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(3):352-61. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342009000300011

28 Amaral AC, Zambon F, Moreti F, Behlau M. Vocal tract discomfort in teachers after teaching activity. CoDAS. 2017;29(2):e20160045. PMid:28355385.

29 Vintturi J, Alku P, Lauri ER, Sala E, Sihvo M, Vilkman I. Objective analysis of vocal warm-up with special reference to ergonomic factors. J Voice. 2001;15(1):36-53. http://dx.doi.org/10.1016/S0892-1997(01)00005-4. PMid:12269633. 

30 Shah D. Healthy worker effect phenomenon. Indian J Occup Environ Med. 2009;13(2):77-9. http://dx.doi.org/10.4103/0019-5278.55123. PMid:20386623. 


Submetido em:
05/07/2018

Aceito em:
05/12/2018

5db771cd0e88253b582bd1f3 codas Articles

CoDAS

Share this page
Page Sections